Minha primeira premiação literária veio com o resultado do II Concurso de Contos de São João Marcos. O resultado saiu em 2016, mas a publicação e a premiação só aconteceriam em março de 2017. Foi bom porque me deu tempo para digerir o acontecido. Eu não esperava ganhar mesmo.
O concurso foi organizado pelo Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, pelo Instituto Cidade Viva e patrocinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, pela Light e pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro.
Precisamos de mais iniciativas como essas, ó poderosos que (não) nos escutam!
O concurso recebia contos com histórias ambientadas no passado, presente ou futuro da cidade de São João Marcos. No começo achei que seria uma coisa impossível de fazer. Como é que eu iria conseguir escrever sobre um lugar onde nunca estive? Felizmente estamos na era da informação ao alcance da mão.
Fui pesquisar sobre a cidade. E que história eu achei. Só pra resumir: São João Marcos, uma cidade que ficava localizada lá pelos lados de Mangaratiba, foi desocupada lá pela década de 40 por causa da construção de uma represa. Os moradores tiveram que abandonar suas casas às pressas. A cidade acabou ficando esquecida. Com a redescoberta das ruínas, um parque arqueológico foi montado no local.
Tem muito mais história sobre o local, é claro. E muitas histórias que poderiam ser contadas. Eu apostei em contar uma história assustadora, é claro. Eu não sabia disso na época, mas histórias de terror e horror não costumam ser bem vistas em concursos literários que não sejam específicos. Em geral, a chamada "alta literatura", seja lá o que for isso, costuma ficar com os prêmios. Acho que dei sorte.
Contei a história através do ponto de vista de um senhor idoso que narra para o neto um acontecimento da sua juventude. Durante a época em que a cidade foi evacuada, um homem de má fama contrata ele e um amigo para um "servicinho" em São João Marcos. Para evitar serem vistos pelos trabalhadores, os três vão até a cidade-fantasma depois do anoitecer. A partir daí eu começo a usar vários elementos para tentar deixar o leitor de cabelos em pé.