quarta-feira, 6 de maio de 2020

Causo contado pelo meu tio-avô uma única vez.

Minha primeira premiação literária veio com o resultado do II Concurso de Contos de São João Marcos. O resultado saiu em 2016, mas a publicação e a premiação só aconteceriam em março de 2017. Foi bom porque me deu tempo para digerir o acontecido. Eu não esperava ganhar mesmo.


Precisamos de mais iniciativas como essas, ó poderosos que (não) nos escutam!







O concurso recebia contos com histórias ambientadas no passado, presente ou futuro da cidade de São João Marcos. No começo achei que seria uma coisa impossível de fazer. Como é que eu iria conseguir escrever sobre um lugar onde nunca estive? Felizmente estamos na era da informação ao alcance da mão.



Fui pesquisar sobre a cidade. E que história eu achei. Só pra resumir: São João Marcos, uma cidade que ficava localizada lá pelos lados de Mangaratiba, foi desocupada lá pela década de 40 por causa da construção de uma represa. Os moradores tiveram que abandonar suas casas às pressas. A cidade acabou ficando esquecida. Com a redescoberta das ruínas, um parque arqueológico foi montado no local.


Tem muito mais história sobre o local, é claro. E muitas histórias que poderiam ser contadas. Eu apostei em contar uma história assustadora, é claro. Eu não sabia disso na época, mas histórias de terror e horror não costumam ser bem vistas em concursos literários que não sejam específicos. Em geral, a chamada "alta literatura", seja lá o que for isso, costuma ficar com os prêmios. Acho que dei sorte.



Contei a história através do ponto de vista de um senhor idoso que narra para o neto um acontecimento da sua juventude. Durante a época em que a cidade foi evacuada, um homem de má fama contrata ele e um amigo para um "servicinho" em São João Marcos. Para evitar serem vistos pelos trabalhadores, os três vão até a cidade-fantasma depois do anoitecer.  A partir daí eu começo a usar vários elementos para tentar deixar o leitor de cabelos em pé.





Para quem quiser saber mais sobre a cidade, vou deixar alguns links aqui, aqui e aqui. A história de São João Marcos vale a pena ser conhecida.  

domingo, 3 de maio de 2020

Antes do último metrô

Em Janeiro de 2017 publiquei na Revista Litere-se pela primeira vez. Na época, foi o segundo número da revista que, posteriormente, viraria a Editora Litere-se.



O conto desse volume foi baseado em um quadrinho de um dos meus vários desenhistas preferidos, o grande Will Eisner (1917-2005). Eisner conseguia captar o espírito das cidades de uma maneira que sempre me impressionou. O quadrinho que me inspirou foi um intitulado "The Last Man".



A história representada nos quadrinhos ficou ecoando na minha cabeça. E se...?

Para quem quiser conferir o resultado final, é só clicar aqui.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Tarde de Trabalho Atípica

Minha terceira publicação também foi em 2016. Foi a primeira publicação em uma revista literária, a Revista Avessa.




Queria falar um pouco sobre a Avessa. A revista digital, de distribuição gratuita, enfrentou um período turbulento em 2018, mas conseguiu se reerguer. Vale muito a pena ficar atento às novas edições porque a qualidade das publicações é muito boa. É um grupo de pessoas que realmente abraçou a causa da literatura nacional e está disposta a lutar por ela.  

 Tarde de Trabalho Atípica foi minha primeira experiência publicada no suspense urbano. Os contos anteriores falavam de terrores fantásticos, acontecimentos sobrenaturais. Nesse aqui eu preferi utilizar o terror humano, aquele que pode estar mais perto do que imaginamos.

Na história, um supervisor de vendas é enviado para um conjunto habitacional para tentar levantar informações sobre um funcionário que desapareceu durante um dia de trabalho.

Esse conto teve algumas influências interessantes. Eu tinha assistido recentemente Psicose (Psycho, 1960), o clássico de Alfred Hitchcok, e a premissa de alguém desaparecido criou raízes na minha cabeça. No filme, a pessoa desaparecida é procurada por pessoas que gostavam dela, a irmã e o namorado da desaparecida. E se a pessoa encarregada dessa busca não gostasse da que desapareceu?



A história acabou indo para outra direção, o que também foi bastante interessante. É um dos contos que eu mais gosto, especialmente pelo final. Acho que nesse eu consegui reunir os elementos que colaboram para uma boa história curta: personagens críveis, motivações claras, pistas jogadas durante o texto e uma revelação de impacto no final. E também é um dos mais elogiados por leitores.


Como a distribuição da revista é gratuita, em 2018 eu o escolhi para fazer parte do meu pequeno projeto Terror Gratuito. Num posto futuro falo mais sobre ele.


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Sobre Ratos, Ruídos e Quinquilharias

Minha segunda publicação aconteceu naquele mesmo ano e saiu na coletânea Haunting e Poltergeist - Contos de Fantasmas e Assombrações, publicada pela Editora Illuminare.

(Bom, tecnicamente foi minha quinta publicação em ordem cronológica, mas foi a segunda em que eu fui aceito. Então, eu considero a segunda.) 

O título do conto, Sobre Ratos, Ruídos e Quinquilharias, entregava uma das minhas maiores fraquezas até hoje: Definir título de contos. Geralmente é a última coisa que eu procuro fazer... E talvez por isso eu fique com tanta dificuldade. Já naquela época eu procurava fugir ao máximo de títulos muito simples (A Caixa, O Barulho, O Susto). E também não queria nada que entregasse muito do texto, como "Sons estranhos causados por um fantasma", ou "A coisa que chegou junto com as caixas". Então, como não conseguia definir o título, segui a mesma lógica do anterior. O título já deixa claro que ele é "Sobre isso e mais um pouco".




Esse conto narra a história de um homem que, depois de assistir a um jogo de futebol na televisão (uma bela de uma pelada), começa a encontrar pistas de que alguém mais, ou provavelmente alguma coisa, está escondida em sua casa.


Esse é um conto que eu gosto bastante porque possui um elemento que eu ainda estava tentando aperfeiçoar: o medo de ter algo estranho na sua própria casa. Nosso lar é nosso refúgio, nosso lugar de paz e segurança. Por isso mesmo sempre achei que o cúmulo do terror seria estar trancado nessa fortaleza com algo que não entendemos. E nem queremos entender. Muito menos encontrar.








Tratado Oculto do Horror - Locais de Sobre Trailers e Maldições

Ainda sobre meu primeiro conto.

Em Sobre trailers... o narrador escuta a história do dono de um trailer que serve lanches. O cenário dessa 'contação' inusitada de histórias é a praça onde o tal trailer fica estacionado. 

Apesar de ambientar a história em um ambiente urbano, eu não queria definir exatamente onde a tal história havia acontecido. É claro que, sendo um conto narrado em primeira pessoa, a maneira do personagem falar, expressões usadas e gírias acabam definindo a região onde a história se passa. Mas, excluindo isso, eu queria contar uma história que fosse capaz de fazer o leitor imaginar que aquela história podia ter acontecido na sua própria vizinhança.

Enquanto a história começava a tomar forma na minha cabeça, eu visualizava claramente onde ela estava acontecendo. Em Bonsucesso, subúrbio da Leopoldina, Rio de Janeiro, existe uma praça chamada Praça Lopes Ribeiro. Ela fica em uma área na qual eu costumava passar. Nunca cheguei a sentar lá pra lanchar, mas com certeza já comprei alguns salgados naquelas barraquinhas pra viagem.
A casa abandonada da história é mais uma colagem de várias casas abandonadas imaginárias ou vistas. Pra esse conto não cheguei a encontrar a casa abandonada "ideal" para o conto.












Sobre Trailers e Maldições

Tratado Oculto do Horror (Andross, 2016) foi a coletânea em que publiquei meu primeiro conto. E a primeira publicação é mágica. Dizer que esse livro é meu xodó é pouco.

Não se juga um livro pela capa mas, na época em que estava buscando chamadas abertas para publicação em coletâneas, foi a capa desse livro que me fez optar por ele, assim como o título. Esses dois elementos sugeriam coisas antigas, bizarras, proibidas até de serem mencionadas em voz alta. O tipo de coisas que habitam as páginas das histórias de H.P. Lovecraft, William Hodgson ou de Algernon Blackwood.






A Sinopse dele:

Contos sobrenaturais, de suspense e de terror

SINOPSE: Todo aquele que abrir este livro cruzará o limiar do horror, ficando desde já acordado que todo sangue derramado será usado como combustível para pesadelos, dores e lágrimas. É um pacto pessoal, porém transferível. O leitor deixará sua carne, sua alma, mas poderá condenar alguém a tomar seu lugar tão logo entregue este tratado a outra pessoa. No entanto, tudo tem um preço.

Sobre o conto

Eu não sabia como seriam os outros contos, então procurei preparar um que tinha elementos que eu gosto muito: a narração em primeira pessoa, um cenário urbano e atual, aquele clima de "aconteceu com o amigo de um amigo meu", a incerteza.  Assim comecei a escrever meu primeiro conto publicado, que posteriormente seria chamado de Sobre Trailers e Maldições. 

O narrador conta sobre a noite em que ele ouviu a história de uma casa abandonada do bairro enquanto come um lanche em um trailer.

Resenhas e feedbacks

Vou deixar aqui duas resenhas que saíram sobre o livro. Sobre Trailers e Maldições teve boas avaliações. Como não amar?


O blog Ficção Terror destacou alguns contos que mais surpreenderam durante a leitura. Sobre Trailer... ficou entre eles:


"(...) Sobre Trailers e Maldições, de Hedjan C.S., é uma história que trata de... um trailer e uma maldição. O grande trunfo do autor foi unir uma situação simplória do cotidiano ( parar num trailer de rua para lanchar) com uma história macabra (a maldição propriamente dita, que envolve uma casa). É outra daquelas que se parecem com contos para se ouvir ao redor de uma fogueira.




Para a resenha completa do Ficção Terror, clique aqui..


Já o  Bienveue analisou todos os contos do livro. Inclusive o meu :) 

53 - Sobre trailers e maldições - Hedjan C.S.

Esse aqui foi um dos bons e dá umas coisa na beira do estômago, hahaha. Mas é muito divertido, achei bom pra caramba, então não vou falar nada. É uma boa condução, boa escrita, despretensiosa e que faz um ótimo trabalho.
Nota: 4











Pra ler todas as resenhas dos outros contos, é só clicar.

Foi um bom começo.

Começando em algum lugar

Vamos lá.

"Hitler e Mussolini falavam de si na terceira pessoa."

Não é uma maneira muito legal de começar, mas essa é uma frase que ronda minha cabeça desde a época em que estava na então quinta-série do primeiro grau (ou primeiro ano do ginásio, como era chamado na época). Não tenho absoluta certeza do nome do autor que escreveu essa genial definição no início de sua minibiografia ao fim do livro então, enquanto não acho em algum lugar o nome, mantenho o como "meu autor favorito não lembrado".

Quando pensei em fazer esse blog, atendendo muito mais uma necessidade minha em analisar minhas publicações do que qualquer outra coisa, a dúvida sobre como escrever me perturbou. Eu não queria um resumo do livro, a foto da capa e o link para compra. Queria mais. Ainda não sei bem o que esse "mais" seria. Talvez seja uma coisa que só vou descobrir fazendo mesmo.Provavelmente não vai ficar bom logo de cara, talvez ainda precise de muito tempo aperfeiçoando... 

talvez, talvez, talvez...

mas, enfim, quem sabe até não seja algo que melhore meu fazer como escritor?

E a gente sempre tem muito o que melhorar.

De qualquer forma, também não pretendo fazer desse blog uma série de reflexões, textões, viagens na maionese, etc e tal. As fotos das capas, links e resumos dos livros dos quais participei vão aparecer, claro... Acho que não tem como fugir disso se pretendo falar da minha escrita. Mas não queria que ficasse só nisso...

Espero que não tenha ficado muito confuso. Em todo caso, aceite o texto abaixo como um pequeno quebra-gelos.

Meu nome é Hedjan. De vez em quando eu escrevo. Fique a vontade para ler.

Dito isso, vamos lá!